quinta-feira, 2 de abril de 2009

Importância da ordenha higiênica em cabras leiteiras

A higiene antes, durante e após a ordenha, assim como, a limpeza e desinfecção de apriscos é de extrema importância para o controle de doenças que afetam a glândula mamária como a mastite. Por isso, o local da ordenha deve ser espaçoso, arejado de modo a impedir odores e sujidades que interfiram na qualidade do leite. O animal deve ser escovado antes para evitar que resíduos de poeira, pêlos e fezes contaminem o leite. Assim como o animal, os recipientes utilizados durante a ordenha devem ser rigorosamente limpos e isentos de odores.
O ordenhador também é muito importante, pois, deve gozar de boa saúde, lavar as mãos com água e sabão abundantemente, possuir unhas aparadas, como também estar livre de ferimentos e doenças de pele. Suas vestimentas devem estar sempre limpas fazendo uso também de chapéu para evitar que cabelos contaminem o leite, bem como ausência de barba, também não deve fumar ou tossir no momento em que esteja realizando a ordenha dos animais (JARDIM, 1974).

Deve-se conduzir os animais para ordenha de modo tranqüilo, em silêncio e sem batidas. Deve-se proceder também a linha de ordenha, onde primeiro devem ser ordenhados os animais sadios de primeira lactação, animais sadios de mais lactações, animais velhos e que nunca apresentaram mastite, os que foram submetidos a tratamentos e ficaram curados, animais suspeitos e, por último animais, doentes ou em processo de tratamento. Esses últimos devem ser ordenhados para evitar que piorem, mas o leite não deve ser posto junto com o leite retirado de animais sadios e, sim descartado.

Segundo Chapaval (2007), antes de dar início à ordenha, deve-se proceder ao pré-dipping ou limpeza do úbere com água limpa e sabão neutro e, imersão das tetas em solução de hipoclorito de sódio a 2% ou iodo a 0,3%; depois de 30 segundos, procede-se a secagem das tetas com papel toalha individual e descartável. Desprezam-se os primeiros jatos e faz o exame de caneca de fundo preto ou telado e o CMT (California Mastite Test). Vale ressaltar que o CMT em cabras é extremamente reativo e, por isso deve-se utilizar como base de diagnóstico a comparação entre os resultados de ambos os tetos.
No pós-dipping, pelo menos 2/3 da teta deve ser imersa em solução desinfetante, segundo Chapaval (2007). A solução mais indicada é a de iodo glicerinado, reduzindo os riscos de contágio da mastite pelos animais, pois que neste momento o esfíncter da glândula mamária encontra-se aberto, favorecendo a entrada de microorganismos presentes na pele ou até mesmo no piso das instalações.

Essas medidas podem impedir ou pelo menos controlar os casos de mastite em um a propriedade e, principalmente as perdas econômicas em decorrência desta. Essa patologia não é mais do que a inflamação das glândulas mamárias. É causada principalmente por Staphylococcus aureus, Streptococcus spp, Corynebacterium pyogenes, Corynebacterium pseudotuberculosis, Clostridium perfringens, Escherichia coli, Mycoplasma micóides.
Sousa e Santos (1999), classificam essa patologia em mastites clínicas e sub-clínicas. As primeiras se caracterizam por leite visivelmente anormal, com graus variáveis de inflamação do úbere que variam desde a presença de coágulos até soro com secreção fibrinosa. Já nas mastites sub-clínicas, o animal não apresenta sintomas de inflamação, o leite tem aspecto normal, mas a glândula mamária pode apresentar número aumentados de leucócitos e, está comumente associada à infecção por Staphylococcus aureus e Staphylococcus agalactiae.
Segundo De Castro (1984), o animal doente apresenta o úbere intumescido, quente e dolorido, de modo que quando caminha tenta não bater nas mamas, torna-se magro, abatido, pêlo arrepiado, respiração acelerada, febril e diminuição da produção leiteira. O leite torna-se purulento e com rastros de sangue, muitas vezes com odor repugnante e, em casos mais avançados pode-se ter fibrose do tecido mamário e perda parcial ou total do úbere.
O diagnóstico é baseado no exame bacteriológico do leite, contagem de células somáticas, Caneca de fundo preto ou telado e CMT.
O tratamento devido à grande quantidade de agentes patógenos nem sempre é eficaz. O sucesso depende da fase da doença e, se faz necessário o exame laboratorial com antibiograma para identificação do agente e a droga específica para o combate do mesmo.
Por isso, a conduta do médico veterinário é fundamental no sentido de orientar os proprietários quanto à importância de medidas profiláticas para a saúde higiênico-sanitária do rebanho, minimizando também as perdas econômicas que esta patologia pode causar.

Referências
DE CASTRO, A. A cabra. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos. 1984. 255-256p.
SOUSA, W. H. de e SANTOS, E. S. dos. Criação de caprinos leiteiros: uma alternativa para o semi-árido. João Pessoa, PB. Edição SEBRAE- PB/EMEPA-PB, 1999. 173-177 e 146-150p.
BENEVIDES, S. D. e EGITO, A. S. do. Comunicado técnico 76: orientações sobre boas práticas de fabricação (BPF) para unidades processadoras de leite de cabra. Embrapa Caprinos: Sobral – CE. Agosto de 2007. À disposição na HomePage: www.cnpc.embrapa.br ou SAC: www.cnpc.embrapa.br/sac.htm

CHAPAVAL, L. Comunicado técnico 80: Programa de Controle da Mastite Caprina – PCMC. Embrapa Caprinos: Sobral – CE. Outubro de 2007. À disposição na HomePage: www.cnpc.embrapa.br ou SAC: www.cnpc.embrapa.br/sac.htm

JARDIM, W. R. Criação de caprinos. São Paulo: SP. Livraria Nobel. 1974. 213 e 220 p.
Autor: Emanuela Polimeni de Mesquita - Grupo PET de Medicina Veterinária