quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Linfadenite caseosa - "mal do caroço"

Felipe Rosendo Correia
felipe_rosendo@hotmail.com


A linfadenite caseosa é uma doença infecto-contagiosa crônica, também conhecida como “mal do caroço’. Acomete caprinos e ovinos e caracteriza-se, geralmente, pela hipertrofia dos gânglios linfáticos com lesões purulentas e caseosas localizadas nas diversas regiões do corpo do animal.No Brasil é endêmica em alguns estados, aparecendo com maior freqüência em rebanhos desanados.
O agente causador é o Corynebacterium pseudotuberculosis, que é uma bactéria gram-positiva e resiste a dessecação durante meses, permanecendo viva na carne, fezes, exsudato purulento e solo . Ao penetrar no hospedeiro a C. pseudotuberculosis multiplica-se localmente no tecido subcutâneo, induzindo a formação de microabscessos, sendo em seguida carreado pela corrente linfática aferente aos linfonodos regionais onde os abscessos característicos são formados.
A doença é encontrada em alguns rebanhos com um bom manejo sanitário de 7 a 18% dos animais, porem rebanhos sem manejo sanitário pode atingir 70% do rebanho. A enfermidade é de fácil transmissão, bastando introduzir animais infectados no rebanho sadio.
O conteúdo dos abscessos é rico em C. pseudotuberculosis podendo infectar diretamente outros animais ou ainda contaminar a água, o solo e os alimentos, expondo, indiretamente, outros animais. Embora este microrganismo seja capaz de prolongada sobrevivência em solo rico e úmido (oito meses) e em matéria orgânica, não há evidências de que ele possa se multiplicar no solo.
Os principais sinais clínicos são o aumento dos linfonodos palpáveis (maxilares, escapulares, crurais, mamários e poplíeos) que constituem, geralmente, os sítios primários da infecção, enquanto que na fase tardia da doença poderá ocorrer a formação de abscessos nos linfonodos viscerais particularmente os mediastinais, bronquiais e sublombares. Há formação de abscessos cutâneos, subcutâneos e nos linfonodos.
As fontes de infecções para outros animais são o pus dos linfonodos(gânglios) infectados e também as secreções nasais e orais de animais com abscessos internos, principalmente nos linfonodos medistinicos. A transmissão pode ocorrer por ferimentos ne pele ou mesmo em pele integra e por contato com materiais contaminados como: agulhas; tatuadores;brincadores.O diagnostico é feito pelos sinais clínicos e confirmado por cultivo e citologia.
O primeiro grupo de cientistas a desenvolver uma vacina contra a C. pseudotuberculosis foi do Dr. Quevedo, na Argentina nos anos 60. Eles utilizaram uma cultura da C. pseudotuberculosis formalizada em adjuvante de alumínio, desta forma, alcançaram uma redução de 60% da infecção. Hoje no mercado a vacina mais utilizada é a “linfovac” , fabricada pela Venconfarma e composta por ”Suspensão de Corynebacterium pseudotuberculosis viva, atenuada, liofilizada, contendo no mínimo 5 e no máximo 60 bilhões de bactérias viáveis, por dose de 1 mL.
O tratamento do animal não é recomendado, devido a baixa eficácia e o alto custo, o uso de antibióticos não é recomendável, devido à impossibilidade deste penetrar na cápsula dos abscessos, sendo ideal o animal ser descartado, portanto faz-se necessário o uso de medidas profiláticas para tentar conter essa doença.
O controle inclui manejo sanitário nas instalações e equipamentos, a inspeção periódica do rebanho, descarte dos animais afetados, drenagem dos linfonodos com a incisão cirúrgica dos abscessos periféricos antes que estes se rompam espontaneamente, pois o exsudato constitui foco ativo de infecção, vacinação e respeitar a quarentena de animais adquiridos.
No atualmente Brasil a linfadenite caseosa está se alastrando por todas as regiões, tornando-se uma das principais enfermidades no rebanho de caprinos e ovinos. É importante que informações básicas cheguem ao produtor, que muitas vezes convive com a patologia no rebanho, mas por não conhece não resolve o problema e contribui para a disseminação da linfadenite caseosa.

Referências
• Livro
Silva Sobrinho, Américo Garcia
Criação de ovinos – 2. ed. Ver. E Ampl / Américo Garcia Silva Sobrinho. – Jaboticabal : Funep, 2001 302 p : il. : 21cm.
• Jornal
MENDES, Luis Claudio Nogueira. Controle da linfadenite caseosa (mal do caroço). O ovelheiro, São Paulo, ano 17, n. 100, p. 14-15, maio/jun. 2009.

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